segunda-feira, 20 de julho de 2009

Deriva

Sei que já aqui coloquei uma vez este poema, mas não resisti a novamente o ler e partilhar com o mundo o que ele me diz, neste momento de regresso a casa.

"Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som das suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do preste João não vi sinais

As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri"

Sophia de Mello Breyner Andresen

Como disse uma vez alguém, há viagens de onde nunca se regressa...
"Declaro que vi coisas extraordinárias, de que nenhuma fotografia poderia dar testemunho real"

Sem comentários: