sábado, 28 de março de 2009

Afinal havia outro...

...modo de pensar na igreja católica. Ele anda lá escondido, sorrateiro, fazendo apenas pequenas sortidas tímidas incapazes de serem uma verdadeira evolução.

O bispo de Viseu (a terra do Dani que vai trazer chocolate da Suiça) saiu a terreiro para defender o uso de preservativo por infectados com o HIV que mantenham uma vida sexual activa. Nas suas palavras (santas palavras.lol) existe um dever moral de não transmitir o bicho da sida para um incauto terceiro adquirente, sendo o preservativo não só aconselhável como eticamente obrigatório.
Antes, já o bispo das Forças Armadas tinha usado da palavra, dizendo que não consentir o uso do preservativo é consentir na morte de muitas pessoas, tendo terminado ainda com uma bela pièce de résistance considerando que as pessoas que estão aconselhar o Papa deveriam ser mais cultas (ponham-se as "" onde por bem se achar, que a mim não me apetece).


Ah, e promovam lá um destes dois tipos a cardeal, p'ra ver se ele chega a papa, é que já lá falta um que tenha a moleirinha em bom estado

2 comentários:

FNL disse...

Estou, por estes dias, num sítio menos próprio para estas coisas de Internet. O mesmo é dizer, o mais provável é que só daqui a alguns dias consiga vir à Rede. So... como também não me quero demorar muito não vou dizer (quase) nada. Ou nada, mesmo. Apenas cito (já começa a ser hábito - o qual, como toda a gente sabe, não faz o monge):

"Os beatos do látex

Começo por esclarecer que sou médico há 29 anos, e responsável pelo mais antigo site em Portugal sobre sexualidade (10 anos de actividade ininterrupta), com mais de 3 milhões de visitas e acima de 15.000 perguntas respondidas. Serve esta introdução apenas para ilustrar que tenho provavelmente mais experiência e, sobretudo, actividade concreta na área da informação sobre sexualidade que com certeza muitos dos iluminados que hoje em dia vemos a debitar sentenças sobre esta matéria.

(...)

Se pensarmos (exercício pelos vistos a cair em desuso) que o vírus da SIDA é cerca de 400 vezes mais pequeno que um espermatozóide, que os preservativos podem ter microporos, que podem rasgar, que podem ser mal colocados ou escorregar, que a gravidez só acontece se os espermatozóides passarem o preservativo na fase fértil (3 dias por mês) enquanto a SIDA se pode transmitir em qualquer altura, ou que a gravidez só acontece com a passagem do esperma para a vagina e o vírus da SIDA se pode contagiar por outras vias não protegidas pelo preservativo (sexo oral ou contágio boca a boca se houver lesões sangrantes), vemos que a margem de falhas terá que ser, infelizmente, demasiado grande, não obstante os negacionistas serem muitos.

Imagino que ao dizer isto estou a indignar muitos dos pseudo-preocupados com o problema da SIDA. Acontece que para mim (talvez porque me preocupe com os doentes e não com os aproveitamentos político-ideológicos que se possam fazer à custa das doenças deles…) tanto é condenável o fundamentalismo religioso que incute conceitos errados na cabeça das pessoas, como o é qualquer outro, concretamente, no caso presente, o novo fundamentalismo anti-religioso que hoje em dia é de bom tom manifestar e que leva a escrever perfeitas irresponsabilidades como as que ultimamente se podem ver na imprensa ou ouvir à mesa dos cafés (o que é cada vez mais a mesma coisa…).

De qualquer modo, a lamentável e preocupante situação que temos é a seguinte: de um lado a Igreja Católica que apenas reconhece a fidelidade e abstinência como caminhos eficazes para a combater a SIDA, o que é tecnicamente correcto, mas na prática fortemente irrealista, e por isso seria muito positivo se acrescentasse que, no caso de não se cumprirem as duas premissas que defende, o preservativo será a melhor protecção possível, embora não absoluta. Do outro lado temos uma espécie de neo-fundamentalistas “beatos do látex” que, sob o pretexto de combaterem ideias retrógradas, fazem a generalidade das pessoas acreditar em duas coisas perigosamente erradas: que a Igreja proíbe o uso do preservativo (o que não é verdade, apenas não o preconiza nem defende o seu uso, o que não é exactamente a mesma coisa e pode fazer toda a diferença na cabeça de um pecador ortodoxo mais fanático), e, facto grave que não hesito em classificar de voluntariamente criminoso, incute a ideia de que o uso do preservativo é eficaz a 100%, quando, na verdade, pode falhar demasiadas vezes.

Já agora, convido-os a fazer uma experiência: peçam a um médico, QUALQUER médico, que lhes passe uma declaração assinada a comprovar que o uso do preservativo o (a) protege integralmente da transmissão da SIDA em todas relações sexuais que possa vir a ter….o resultado será óbvio. É que afinal o cinto segurança também é um método fundamental para evitar mortes na estrada, e é por isso qualquer pessoa responsável recomenda o seu uso, mas ninguém no seu juízo normal afirma que, ao colocá-lo, os condutores
se podem atirar contra um muro a cem à hora …pelo menos até ao dia em que recomendar conduzir com precaução possa ser considerado “retrógrado” ou politicamente incorrecto.

Fernando Gomes da Costa
Médico (cédula profissional 22027 da Ordem dos Médicos)

O Insurgente (http://oinsurgente.org/2009/03/29/prevencao-da-sida-eficacia-dos-preservativos-e-risco-de-contagio-a-irresponsabilidade-dos-beatos-do-latex/#more-24110)"

m.v. disse...

fica aqui a minha vénia oficial a este médico que mais que defender ou não as borrachas tem a expriência de campo que lhe permite saber do que fala.

mas já que é uma roleta russa, ao menos que se tome todas as precauções possíveis para que de lá não saia o bicharoco.