quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Sempre adorei a história deles...

Tentando repor algum nível cultural a este blog - que já teve melhores dias:

Pedro, lembrando Inês

Em quem pensar, agora, senão em ti? Tu, que
me esvaziaste de coisas incertas, e trouxeste a
manhã da minha noite. É verdade que te podia
dizer: "Como é mais fácil deixar que as coisas
não mudem, sermos o que sempre fomos, mudarmos
apenas dentro de nós próprios?" Mas ensinaste-me
a sermos dois; e a ser contigo aquilo que sou,
até sermos um apenas no amor que nos une,
contra a solidão que nos divide. Mas é isto o amor:
ver-te mesmo quando te não vejo, ouvir a tua
voz que abre as fontes de todos os rios, mesmo
esse que mal corria quando por ele passámos,
subindo a margem em que descobrí o sentido
de irmos contra o tempo, para ganhar o tempo
que o tempo nos rouba. Como gosto, meu amor,
de chegar antes de ti para te ver chegar: com
a surpresa dos teus cabelos, e o teu rosto de água
fresca que eu bebo, com esta sede que não passa. Tu:
a primavera luminosa da minha expectativa,
a mais certa certeza de que gosto de ti,como
gostas de mim, até ao fim do mundo que me deste.

Nuno Júdice

5 comentários:

Bárbara Azevedo disse...

e quem disse que o nível aumentou desde que postaste? lool


ahaha

cat salvaterra disse...

digo eu e é suficiente... lol, pelo menos diz se gostas do poema!

Bárbara Azevedo disse...

claro que gosto do poema, como não poderia gostar.. também tenho de postar algo sobre o meu querido Eugénio de Andrade...

tenho de pré selecionar porque é demasiado material de qualidade para escolher de animo leve..

A ver vamos se aumento o nível portanto.

FNL disse...

Pronto, pronto...

Para não dizerem 'ah, e tal, isto e aquilo!' aqui ponho o final de um poema de Bocage sobre Inês de Castro (conhecido de todos, suponho):



«Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores;
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.

«Mísero esposo,
Desata o pranto,
Que o teu encanto
Já não é teu.

«Sua alma pura
Nos Céus se encerra;
Triste da Terra,
Porque a perdeu.

«Contra a cruenta
Raiva íerina,
Face divina
Não lhe valeu.

«Tem roto o seio
Tesoiro oculto,
Bárbaro insulto
Se lhe atreveu.

«De dor e espanto
No carro de oiro
O Númen loiro
Desfaleceu.

«Aves sinistras
Aqui piaram
Lobos uivaram,
O chão tremeu.

«Toldam-se os ares,
Murcham-se as flores:
Morrei, Amores,
Que Inês morreu.»

Bárbara Azevedo disse...

ah lindo menino FNL...