Chega de falar de política, ou de outros assuntos de estado: este blog está a ficar muito sisudo. Aqui fica um momento cultural, para apreciar uma grande poetisa, que eu adoro.
Deriva
Vi as águas os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som das suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o fresco das coisas naturais
Só de Preste João não vi sinais
As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri
Sophia de Mello Reyner Andresen
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
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1 comentário:
Aquela leveza pura...
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