-Não sei. Queres? - disse eu.
-O que é que te parece?
-Então vá, senta-te. Vens bonita hoje...
-Não costumo andar bonita?
-Costumas, mas não dessa forma. Costumas estar mais natural. Nem sequer estou habituado a ver-te maqueada. Sapatos de verniz... luxo, hein?
-Não sejas parvo. Sabes porque é que eu aqui vim, não sabes?
-Sei, mas acho que vens perder o teu tempo. - um sorriso de gozo começava a aparecer-me nos lábios.
-Mas primeiro diz-me, o que é que estás a fazer aqui?
-O mesmo de sempre. Hoje é um daqueles dias em que não posso escrever. Não tenho a dita "inspiração".
-Nunca me explicaste, porque é que vens escrever para este sítio? - disse ela num tom inquisidor.
-Não entendes? Porque foi aqui que nos conhecemos.
-Sentes-te bem aqui? Trago-te boas memórias?
-Não! - dá-me prazer responder-lhe assim, desprendido dela.
-Mas então porque é que vens?
-Acredita que não sei... acho que tem a ver com o facto de ter árvores...
-E putas à noite!
-Tu conheces-me. Sabes que isso não me interessa.
-Pois sei... eu conheço-te melhor que ninguém.
-É verdade!
-Ainda me amas?
-Não! "Rien de rien". - Ninguém sonha como me custou a dizer-lhe aquilo.
-Eu sei que é verdade. Desculpa... - uma lágrima seca rola-lhe pelo rosto. Levanta-se olha-me nos olhos e diz: - Ainda te amo, volta para mim.
- Isso é uma questão ainda por resolver.
Foi-se embora. Finalmente! Ela nem sonha como a presença dela me estava a fazer mal. Reparo agora, ao meu lado no banco de jardim deixou uma cópia da chave da casa dela. Guardo-a no bolso e levanto-me.
deste vosso amigo
3 comentários:
Andas a escrever um romance e não dizes nada a ninguém?
hummm....????
"uma lágrima seca"
Ora aqui está uma das coisas que eu sempre gostei de ler!
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