quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

"Quanto tempo? Não muito"

Aqui fica este excerto de um discurso de Martin Luther King, encontrei por acaso e vi que definia, sem margem para dúvidas, o sentimento de tantos americanos negros, no dia de ontem.

"Toda a nossa campanha no Alabama se centrou em torno do direito de voto. Hoje, com esta nossa chamada da atenção do país e do mundo para a flagrante sonegação do direito de voto, estamos a expor a verdadeira origem, a causa da segregação racial que existe no Sul.
Foi a ameaçã ao livre exercício do direito de voto Negro pelas massas populares brancas que deu origem à instauração de uma sociedade segregada. Os segregacionistas do Sul segregaram dos Brancos pobres o dinheiro; segregaram da Cristandade as igrejas do Sul; segregaram da recta maneira de pensar os espíritos do Sul; e segregaram de tudo o Negro.
Já percorremos um logo caminho desde que foi perpretado contra o espírito americano aquele simulacro de justiça. Hoje quero dizer à cidade de Selma, hoje quero dizer ao Estado do Alabama, hoje quero dizer ao povo da américa e a todas as nações do mundo: Nós não vamos voltar atrás. Nós agora estamos em marcha. sim, estamos em marcha e não há onda de racismo que nos detenha.
(...)
Marchemos contra a segregação na habitação até que tenha desaparecido o último gueto de depressão social e económica e Negros e Brancos vivam lado a lado em casas decentes, seguras e salubres.
Marchemos contra as escolas segregadas até que o último vestígio de educação segregada e inferior seja coisa do passado e Negros e Brancos vivam lado a lado no ambiente socialmente reparador da sala de aula.
(...)
Marchemos contra as urnas de voto, marchemos contra as urnas de voto até que os demagogos racistas desapareçam da cena política. Marchemos contra as urnas de voto até que os Wallaces do nosso país tremam e desapareçam em silêncio.
(...)
Marchemos contra as urnas de voto até que em todo o Alabama os filhos de Deus possam pisar o chão com decência e honra.
Tenho de reconhecer perante vós que ainda há celas de prisão à nossa espera, momentos negros e difíceis. Vamos prosseguir na convicção de que foi a força da não-violência que transformou os tenebrosos dias passados em radiosos dias futuros. Nós vamos ser capazes de vencer todas as adversidades.
(...)
Eu sei que vós hoje perguntais "Quanto tempo falta?" Esta tarde venho dizer-vos que, apesar de vivermos um momento difícil, uma hora frustante, já não falta muito tempo, porque a verdade espezinhada vai volta a erguer-se."

Março de 1965
Faltavam quarenta e quatro anos.

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